sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Meio Irracional


Eu acho meio irracional a literalidade
Por muitas vezes falta um certo tino
Um ponto partida ou chegada
Um ponto de exclamação era tudo que eu queria
Nas interrogações reticentes
Que me prendem a cada falta de inspiração
Eu respiro lento como se o ar pudesse extinguir o sopro
Por mais que eu procure nexo
Ele foge a passos largos
Da menor condição de ser explicado
Em meio ao literal
É racional pensar de forma reta
Por mais que nessa estrada
As curvas tomem conta
De tudo que se faz caminho


Mateus Carneiro
21/10/10 – 19:04

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Vontade de falar baixinho...


Tu me dá vontade de falar baixinho
Sussurrar...leve
Falar tudo que o corpo pede
Que a alma implora e sente
Tu me da vontade de ser louco...
Desses loucos de viver amarrado...
Eu viveria amarrado no teu mundo
Se o teu mundo fosse todo meu...

domingo, 24 de outubro de 2010

Quem eu conheço...


Quem eu conheço entre máscaras e maquiagens
Entre muros e grades
Entre murros que a gente teima em dar
Nas pontas das línguas mais afiadas
Quem eu vejo atrás do batom vermelho
É mais forte
É mais limpa
Mais inteira que uma noite inteira
Quando se olha a casca
Poucos enxergam por dentro
Eu te li
Decorei uma das pessoas que vivem aí dentro
E mesmo assim, de longe, eu continuo lendo
Mas sem nunca saber quem ta virando a página
Desse livro de capa dura e páginas macias
Úmidas pelas lágrimas que as dores do esquecível trazem.


Mateus Carneiro
15:24 – 24/10/10

domingo, 17 de outubro de 2010

Do desejo à flor da pele... Que não se faz rosa



Até quando
Até sempre
Sempre quando nunca
Até onde
Até quanto
Quanto cabe aqui
Sendo amor
Sendo carne
Quando cabe aqui
Até quando
Até quanto
Nunca parei pra te ver minha
Por onde se faz visível
Mesmo sendo impossível
Não te querer
Mesmo sendo tempo
Mesmo não tendo tempo
Por ser distante quando necessário
Até que prove
Carne e suor
Até que prove o contrário
Paixão e desejo
Até que eu sinta teu gosto
Na ponta dos meus dedos
Por quando é erótico
Por então, sendo físico
Por tesão, sendo ótico
Mesmo sendo desejo
Supondo que seja música
Sempre assim
Quando vejo
Te quero encanto
Te quero dúvida
Por sempre se faz sincero
A vontade à flor da pele
No toque que nunca espero
Na mão que me repele
Por paixão
Ou por angústia
Por quando é saudade
Por sempre solidão
Pela distância que invade
Me carrega pela mão
Do desejo à flor da pele
Que não se faz rosa

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

...pode ser simplesmente um espelho...


...pode ser simplesmente um espelho...
ou uma fuga... o alvo pro descarrego...
pode ser muita coisa,
pode ser até um erro continuar tentando
pode tentar continuadamente o mesmo erro
pode ser que possa ser certo
mas não tá em mim ou nela a resposta
não tá na cor da roupa ou no gosto da comida,
no brilho do chão, tá no todo...
na vontade de ser, de estar
se ficar, de ir, de amar todo,
de falar de amor, de poder gritar,
de poder chorar, de simplesmente poder...
de viver um dia depois do outro
sem precisar de desgastes,
de palavras em negrito saindo correndo da boca.
a diferença entre nós é essa...
a felicidade chega em mim por meios mais simples...




Mateus Carneiro
19/06/09 – 09:58

sábado, 2 de outubro de 2010

Desconexo


Desconexo
Desconcerto
Uma manhã cinza de sábado
Eu que ‘tô sempre lendo o mesmo livro
Me perco em linhas diferentes
Rotação de motores em baixa
A taxa de bytes menor que a pulsação
Desconectar do todo num gole de café
É só o início da lucidez
Desconexo
Desconheço os caminhos feitos
Prefiro os novos que desenho no papel
Sempre marcado pelos traços da borracha
Que me fazem mudar de ideia
Desconcerto o modo de ver
Da mesma janela outro olhar
A marca dos dedos na lente dos óculos
O dedo marcado pela corda
E eu ainda lendo o mesmo livro
Procurando (desco)nexo
Nas nuvens dessa manhã cinza de sábado



Mateus Carneiro
26/06/01 – 11:01



sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Por mais que venha de perto é de longe que se ouve...


Por mais que venha de perto
É de longe que se ouve
A voz calma vai indo
Dando adeus à história
Dobra a esquina e se perde
E me perco
Em meio aos cacos e ecos
Da última palavra
Do último beijo
Por mais que seja intenso
Não tem mais força pra ser
E a voz que antes era dentro
Agora dissona
Não ouço mais os pés na manhã cinzenta
Desejando bom dia aos pés do ouvido
Hoje eu caibo na cama
Mesmo ficando no mesmo espaço
Que antes sobrava pra mim
Mas nem assim eu caibo
Nessa lacuna que ficou
Entre eu e o ontem
Entre os nós na garganta
E as lágrimas que teimam em se guardar
Pro dia em que tudo virar lembrança


Mateus Carneiro
23:43 – 31/08/10